Apresentação do trabalho
Este trabalho tem o objetivo de conscientizar o fumante, de suas possibilidades de livrar-se do vício do cigarro, através de informações sobre os malefícios que o tabagismo causa ao corpo, ao psíquico, à mente, ao social e ao espiritual, complementadas por método que ensina como controlar o vício, paulatina e gradualmente, para a tomada de decisão definitiva: deixar de fumar.
As informações que se tem a respeito da ajuda ao tabagista, no que concerne a deixar de fumar, são atividades com palestras nas quais se procura informá-lo sobre os malefícios que as milhares de substâncias, contidas na fumaça do cigarro, provocam no organismo, incutindo-lhe, desta forma, uma decisão de largar do vício.
Contudo, após o ciclo de palestras e o retorno à sua atividade normal, do dia a dia, as informações, que lhe fortaleceram a decisão, irão sendo esquecidas, dispersando-se; o que influirá na sua vontade de deixar de fumar, enfraquecendo-a.
Daí, para retornar ao vício, não custa nada. É imediato.
Parecer da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia sobre os resultados dos métodos para deixar de fumar: "medicamentos, produção de aversão ao fumo, hipnose, acupuntura simples ou associados ao raio laser e outros, têm resultados mais díspares, de 0 a 80% de êxito no início e, praticamente, nulos ao final de um ano".
O método da reposição de nicotina, administrada através do emplasto adesivo ou da goma de mascar, também, ao final de um ano, alcança até 30% o intento. Após este período, porém, esse índice cai.
É claro que não estamos tecendo considerações depreciativas a esses métodos. Eles têm um grande valor, pois, conscientizados, os fumantes irão, mais cedo ou mais tarde, de uma forma voluntária ou obrigatória, parar de fumar. No entanto, muitas vezes, apesar de todo o esclarecimento, não conseguem e passam a vida atormentados pelo vício.
Essas palestras deverão ser complementadas com um método que auxilie o fumante, no seu dia a dia, a manter a decisão de parar de fumar, relembrando-lhe as informações que ouviu, durante as reuniões periódicas, nas quais, os comentários, de cada um, deverão ser sobre as dificuldades e sobre os benefícios que vivenciam no decorrer do tratamento.
Seguindo por este método, com o passar do tempo, o fumante adquirirá consciência e autocontrole sobre o vício e, em função da sua menor dependência à nicotina, estará muito mais fortalecido para a decisão definitiva de parar de fumar.
Muitas pessoas não acreditam na forma paulatina e gradual de parar de fumar. Até utilizam, analogamente, o exemplo de um cachorro que tem de ter cortado o rabo e perguntam: - Você, se tivesse de cortar o rabo do seu cachorro, o faria de uma única vez ou pouco a pouco, pedacinho por pedacinho...?
É claro que a resposta seria de uma única vez, pois, é menos cruel.
Estas pessoas apoiam-se nessa resposta, formando uma base teórica, para sustentar a impossibilidade de deixar de fumar progressivamente. Dão a entender que o sofrimento seria semelhante ao do animal cortando o rabo, pouco a pouco.
Esta forma de raciocinar é equivocada!
Refletindo sobre o exemplo, verificarão que não há relação entre o vício do fumante e o rabo do animal, pois, neste há somente dor física, enquanto que no fumante há o hábito, o condicionamento mental e psicológico, além de intensa ansiedade e seus efeitos em função da abstinência à nicotina.
É preciso, pois, que o dependente adquira novos hábitos de conduta e de observação sobre as circunstâncias que o impelem a fumar, sem que seja envolvido, impulsivamente, pelos velhos hábitos, reagindo com uma nova maneira de ser, não fumando.
Então, para incutir estes novos hábitos no fumante, a fim de que responda de uma maneira diferente aos estímulos do vício, procuraremos fazê-lo estagiar em três patamares, que serão, no início, os objetivos maiores que o de parar de fumar.
Estes patamares serão os seguintes estágios:
Estágio 1: Conscientização: Pelo conhecimento adquirido através do estudo, conscientizá-lo sobre o funcionamento dos aparelhos e sistemas orgânicos e de como são prejudicados pelas milhares de substâncias contidas na fumaça do cigarro; informá-lo sobre os benefícios, suas reais possibilidades de adquirir autocontrole sobre a vontade de fumar e sobre como parar. Capítulos III, IV, V, VI e VII.
Estágio 2: Autocontrole: Dar-lhe condições de observar-se a respeito do hábito de fumar, a fim de diminuir a dependência química, através da redução lenta e gradual dos cigarros fumados diariamente, de tal forma que, ao tomar a decisão, definitiva, de parar de fumar, os efeitos provocados pela abstinência à nicotina sejam os mais suaves possíveis.
Preparo psicológico: Através do aprendizado sobre os fatores do comportamento, realizar um trabalho para desfazer o mau hábito, mental e psicológico, de fumar. Cap. VIII e IX.
Estágio 3: Aplicação do Método Paulatino: Consiste em aplicar o que se apreendeu nos estágios 1 e 2 deste método. Capítulos X e XI.
Consideramos estes três objetivos como maiores porque o vício não é resultante, somente, da dependência química pela substância nicotina, absorvida através da ingestão da fumaça do cigarro; é, também, resultante do condicionamento mental e psicológico que o fumante adquiriu pelas inumeráveis vezes em que realizou o movimento de pegar o cigarro para levá-lo à boca; além da ilusão de que ele lhe fortalece o caráter ou lhe dá alívio em ocasiões de tensão nervosa, estresse ou em outras situações do relacionamento humano.
O autocontrole adquirido irá desfazer este habito mental e psicológico de, sob certos estímulos, pegar o cigarro; os movimentos que, até então, eram automáticos, não mais o serão, porque, com o autodomínio, o fumante irá conter seus ímpetos.
De um fumante ativo passará a ser um fumante controlado.
Assim, com o condicionamento mental e psicológico desfeitos, com os movimentos mecânicos, para pegar o cigarro, controlados e com as condições íntimas de autoconfiança adquiridas, a pessoa terá todas as possibilidades de largar do vício de fumar.
Só não o fará se não desejar.
É evidente que o melhor seria abandonar o vício de uma só vez, principalmente, aqueles que, por ordem médica, assim devam proceder. Contudo, não é uma tarefa fácil.
Quantos tentaram...; quantos procuram ignorar e, adiam...; quantos que, apesar de desenganados, não conseguem libertar-se...; ... .
Este Método Paulatino vem eliminar a causa destes fracassos, porque reduz o nível de nicotina no sangue, em função da diminuição dos cigarros fumados diariamente, habituando o organismo a estes níveis menores. Os sintomas resultantes desta relativa abstinência, serão mais suaves e possíveis de serem suportados.
Aí, então, o fumante terá condições de conviver com estes sintomas, que ocorrerão em curtos e alternados períodos de tempo, nos quais aplicará o Método Paulatino, fortalecendo a sua decisão de não fumar mais nenhum cigarro.
Não nos esqueçamos de que todos nós somos individualidades, com características e necessidades próprias, e, somente, com boa vontade e esforço, conseguiremos progredir moral, intelectual, material, cognitiva e espiritualmente.
A força de vontade é o fator preponderante do sucesso do fumante. Ela, dirigida por este método, conduzirá o dependente ao mar aberto da vida, livre do vício.
O conhecimento, a vontade e a realização:
Vontade para adquirir conhecimento através do estudo que lhe dará o autocontrole para a aplicação deste método com a finalidade de parar de fumar.
Estes fatores estão inseridos nos diversos capítulos e serão conhecidos à medida em que for lido o trabalho. A leitura de toda a apostila é necessária a fim de obter-se uma noção generalizada, para, em seguida, empreender o estudo sistematizado.
Como é preciso adquirir vontade própria para deixar de fumar, é importante identificar e conhecer, além dos porquês, o caminho (método) para a sua realização.
Desta forma, o conhecimento lhe dará a consciência necessária de que você é capaz de parar de fumar.
A vontade será a energia de que você precisará para realizar este esforço.
A realização será a aplicação do Método Paulatino por Autocontrole Mental (MEPAM), que lhe possibilitará deixar de fumar gradual e paulatinamente.
CONCEITOS *
É importante abordar-se o assunto conceitos, porque eles são recursos armazenados na memória e estão na base de todas as nossas definições e concepções, originando as opiniões e juízo sobre todas as coisas. Eles, os conceitos, estão em nós.
Para representarmos um objeto pelo pensamento; para concebermos mentalmente qualquer coisa; para avaliar, julgar, classificar; para formar opinião; enfim..., é necessário que extraiamos de dentro de nós alguma coisa que nos capacite; que nos dê possibilidades de; que possa organizar raciocínios, percepções e idéias.
Esta alguma coisa, extraída de dentro de nós, nada mais é do que outros conceitos, concepções já arraigadas; já tornadas intrínsecas, próprias, inerentes e que serão utilizadas para o exercício mental da faculdade do raciocínio, da reflexão, da percepção... através das quais nos manifestamos como ser social, atendendo a desejos e anseios íntimos, agindo e reagindo através dos pensamentos, palavras e ações.
Portanto, todo ser já traz consigo, em sua memória, arquivos de conceitos que o constitui e que serão seus recursos para interpretar e observar o seu meio, a fim de estabelecer novos conceitos, de criar novas expectativas, de conceber novos valores, de desejar e esperar...
Estas concepções serão, pois, o móvel do desejo e da ação do comportamento humano mental, psicológico e mecânico. Mediante as idealizações concebidas em função deste móvel, o ser imprimirá à sua vontade uma direção que poderá ser boa ou má, certa ou errada, equivocada ou consciente, verdadeira ou falsa, conseqüente ou inconseqüente.
Por esta plataforma conceitual, o ser agirá e interagirá em seu meio, exteriorizando suas idealizações e concebendo outras.
Quando estes conceitos forem falsos ou equivocados, conduzirão o ser para resultados não desejáveis, contrários às expectativas criadas, causando-lhe frustrações, decepções, sofrimentos, infelicidade, ...
Em razão disto, quando se busca o porquê das aflições, deve-se procurar refletir sobre a maneira de observar-se as coisas; os valores que a elas se atribui; refletir sobre os hábitos e princípios que constituem o ser.
Esta postura, diante de nós mesmos, permitirá o auto descobrimento, identificando quais valores, conceitos, comportamentos, expectativas, princípios que devam ser reformulados, corrigidos, eliminados, melhorados ou tornados novos; encaminhando-nos, enfim, para a auto reforma ou renovação, refletindo e meditando sobre eles.
O resultado desta tarefa em conhecer-se a si mesmo, propiciará ao ser alegria e satisfação, porque ele sentir-se-á seguro quanto a tudo o que possa idealizar.
Assim é diante do vício; quantos conceitos trazemos conosco? Achamos que gostamos de fumar; que somos doentes; que temos de parar de fumar de uma só vez; que não conseguiremos parar de fumar aos poucos, como dizem muitos 'especialistas'; que paramos de fumar quando quisermos, e tantos outros conceitos equivocados...
Se não refletirmos sobre eles, acreditaremos, equivocadamente, que são verdadeiros, impossibilitando-nos de realizar a tarefa possível de deixar de fumar.
Analisemos os conceitos sobre o tema exposto neste trabalho. Com confiança, iniciemos esta grande tarefa que nos tornará dignos de nós mesmos e muito felizes.
Conceito: s.m. do latim conceptus:
1) Representação de um objeto, pelo pensamento, nas suas características gerais.
2) Idéia, objeto concebido ou adquirido pelo Espírito, que permite organizar as percepções e os conhecimentos.
3) Apreciação, julgamento, avaliação.
4) Ação de formular uma idéia por meio de palavras; definição.
5) Noção, idéia, concepção.
6) Reputação, juízo, julgamento.
7) Máxima, provérbio.
Concepção: s. f. do latim conceptio:
1) Ação pela qual um ser é concebido, gerado.
2) O ato de conceber ou criar mentalmente, de formar abstrações.
3) Fig.: faculdade de compreender.
4) Conhecimento, idéia, compreensão.
Conceituar: v. t.
1) Formular conceitos, definir.
2) Julgar, avaliar.
3) Fazer conceito de; formar opinião de; classificar.
* (Significado extraído do Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa.)
Conceitos a serem refletidos e interiorizados, pelo fumante, durante o estudo deste trabalho
1) Sobre o fumante ser um doente:
O ser fumante é ser doente ou é pessoa sujeita a contrair doenças provocadas pelo hábito de fumar?
Ele necessita de remédios ou medicamentos para deixar de fumar ou é, simplesmente, uma pessoa que adquiriu um mau hábito e precisa corrigi-lo?
Se o fumar caracterizasse uma pessoa como doente, enferma, ela necessitaria de tratamento médico e do conjunto de procedimentos adequados para o tratamento da doença ou da enfermidade.
Acontece que o fumar foi uma ação incorporada aos costumes sociais do homem pelos meios de propaganda e de publicidade com a única finalidade de se auferir lucros comerciais, sem importar-se com os valores da ética humana, sofismando o homem ao relacionar seus anseios e ideais de felicidade ao consumo de bens e serviços e, neste caso especificamente, com o consumo de cigarros e bebidas.
Com o passar dos anos, descobriu-se todos os malefícios que tal costume provocava e, de alguns anos para cá, procura-se combatê-lo. Como é um hábito prejudicial ao organismo humano, é considerado como vício, como um mau hábito, um mau costume que trará doenças diversas, àquele que o pratica.
Utilizando o exemplo daquele que contraiu enfizema pulmonar: a doença surgiu por causa do mau hábito de fumar intensamente, por longo período de tempo.
Enquanto a doença não se manifestasse, a pessoa não a havia adquirido; era candidata a contrai-la. Após a sua manifestação tornou-se doente, necessitando de todos os cuidados. Antes, era aconselhada a parar de fumar...; agora, a causa é tratada de uma forma bem simples: pare de fumar! Somente isto; nenhum tratamento é dado para combater este vício. Apenas é tratada a doença: enfizema pulmonar.
Concluímos que o ato de fumar não caracteriza o ser fumante como um doente; não necessitando, pois, de ser curado, de tratamento médico ou hospitalar...
Precisa, simplesmente, parar de fumar, isto é, erradicar o vício, dependência química à substância nicotina, e desabituar-se, mental e psicologicamente.
Portanto, aquele que fuma não é um doente. É, sim, uma pessoa que necessita adquirir novos hábitos para substituir os de fumar; reagindo, assim, com uma nova postura mental diante dos estímulos que o levavam a fumar.
2) Sobre o fumante gostar de fumar ou dizer que se sente bem:
Muitos fumantes dizem que gostam de fumar e que se sentem bem.
Esta frase é verdadeira?
O verbo gostar é o mais adequado ou poderíamos substituí-lo por outras expressões como: "necessitam fumar"; "são obrigados a fumar"; são dependentes" ... ?
Após uma refeição ou drink..., talvez, o cigarro seja saboroso para quem o fuma, mas, somente, o primeiro ou o segundo; os posteriores também o serão?
É importante reparar que aquele que gosta, faz. Por isto é que tem de ser usada a expressão correta da necessidade, da obrigação, da dependência, ..., a fim de que tenham a consciência de que não gostam de fumar e de que fumam por serem dependentes.
3) Sobre os utensílios que o fumante utiliza:
Isqueiros, acendedores, cigarrilhas, piteiras, cinzeiros, caixas enfeitadas, fósforos especiais, locais para fumar, etc. são utensílios finos, delicados e requintados que iludem e mascaram este mau hábito, fazendo-o parecer bom.
Deve-se, pois, retirar este véu que esconde o verdadeiro significado destes objetos, que é o de aprisionar o fumante à prática do vício.
Portanto, estas coisas devem ser depreciadas e não valorizadas.